Quando o Impostômetro completou duas décadas, a Associação Comercial de São Paulo decidiu dar um passo maior: instalar a nova ferramenta Gasto Brasil para acompanhar, em tempo real, como os recursos arrecadados são gastos pelos governos. O anúncio foi feito em Pateo do Collegio, no centro histórico de São Paulo, na quarta‑feira, 23 de abril de 2025, às 14h. Na mesma ocasião, Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, reforçou que o painel já mostrava mais de R$ 40 trilhões em impostos pagos ao longo de 20 anos e que agora seria possível ver a velocidade com que esse dinheiro sai de circulação.
Histórico do Impostômetro
Instalado originalmente na sede da ACSP, na Rua Boa Vista, 51, o painel começou a funcionar em 20 de abril de 2005. A ideia era simples: dar visibilidade ao peso tributário que os brasileiros carregam. Em 2008, a "casa do trilhão" foi adicionada ao display, já que a arrecadação superava os limites iniciais. Desde então, o Impostômetro se expandiu para outras capitais e ganhou versão digital em impostometro.com.br.
Dados de arrecadação e impactos
Segundo os números consolidados pelo IBPT e pela ACSP, os contribuintes trabalham, em média, 149 dias por ano apenas para pagar impostos. Entre 2015 e 2025, a soma dos tributos chegou a R$ 26,5 trilhões – cerca de R$ 5 milhões por minuto – equivalente a 2,3 vezes o PIB de 2024, estimado em R$ 11,7 trilhões. Para colocar o volume em perspectiva, a tabela abaixo ilustra o que seria possível comprar com esse total acumulado:
- 575 milhões de casas populares;
- 571 milhões de carros populares;
- 130 milhões de ambulâncias;
- 25 milhões de leitos hospitalares.
Essas comparações ajudam a entender por que a sociedade pressiona por maior transparência: o dinheiro não está apenas “no caixa”, ele é quem impulsiona serviços essenciais.

Lançamento da ferramenta "Gasto Brasil"
Durante o evento de 23 de abril, a ACSP apresentou o Gasto Brasil, que mostrará, em tempo real, a velocidade com que os recursos arrecadados são consumidos pelos entes federativos. O painel conta com três linhas: a primeira exibe o total arrecadado, a segunda indica o montante já gasto e a terceira revela a taxa de consumo por hora de governo. "É indiscutível que o Impostômetro cumpre seu papel de mostrar a realidade tributária. Agora, o Gasto Brasil traz o contraponto: como esses tributos são realmente aplicados", destacou o presidente Gilberto Luiz do Amaral.
Reações e perspectivas de especialistas
Economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) elogiaram a iniciativa, classificando-a como "um passo decisivo para a cultura de responsabilidade fiscal". Já representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) solicitaram que o painel inclua comparativos sobre eficiência de gasto por setor, para que as empresas possam avaliar melhor seu ambiente de negócios.
Por outro lado, sindicatos de trabalhadores apontaram que o simples monitoramento não garante que o dinheiro seja direcionado a políticas sociais. "Precisamos de mecanismos de controle, não só de exibição", argumentou o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Carlos de Almeida.

O futuro da transparência fiscal no Brasil
Com a expansão prevista para outras capitais – Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife já solicitaram a instalação de painéis locais – o Impostômetro pode se tornar uma rede nacional de dados fiscais. A ACSP também planeja integrar o Gasto Brasil a aplicativos de smartphones, permitindo que cidadãos recebam alertas quando um gasto público ultrapassar determinado limite.
Enquanto isso, o debate sobre reforma tributária continua. O presidente Gilberto Luiz do Amaral reforçou que o painel serve como base para discutir simplificação de impostos e redução da carga sobre os mais pobres. "Se mostrarmos que R$ 40 trilhões são arrecadados, podemos também mostrar onde esse dinheiro poderia gerar mais bem‑estar", concluiu.
Perguntas Frequentes
Como o "Gasto Brasil" pode influenciar a política fiscal?
Ao divulgar em tempo real a velocidade de consumo dos recursos, o painel cria pressão pública sobre gestores para que priorizem gastos eficientes. Estudos da FGV mostram que transparência gera redução média de 12% em despesas não essenciais.
Quem são os principais responsáveis pelo Impostômetro?
A iniciativa foi criada pela Associação Comercial de São Paulo em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, com apoio de empresários e governos locais.
Quais são os números mais impactantes da arrecadação dos últimos 20 anos?
Em duas décadas, a arrecadação ultrapassou R$ 40 trilhões, equivalente a 2,3 vezes o PIB de 2024. Apenas na última década (2015‑2025) foram coletados R$ 26,5 trilhões, ou cerca de R$ 5 milhões por minuto.
O Impostômetro será instalado em outras cidades?
Sim. Após o sucesso em São Paulo, capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife já manifestaram interesse e devem receber seus painéis nos próximos 12 meses.
Qual a relação entre o Impostômetro e a reforma tributária?
O painel fornece dados concretos que sustentam argumentos a favor da simplificação e da progressividade dos tributos. Legisladores têm usado esses números para propor mudanças que reduzam a carga sobre os mais vulneráveis.
É impressionante ver como o Impostômetro evoluiu ao longo de duas décadas 😮. A ideia de acompanhar em tempo real os gastos públicos traz uma transparência que a gente tanto precisa. Cada número, cada trilhão, representa o suor da população e merece ser visto com clareza. Espero que o Gasto Brasil incentive mais debates e pressões saudáveis sobre a eficiência do Estado. Continuemos acompanhando e compartilhando essas informações! 😊