Quando a Paixão pelo Futebol Transforma Alegria em Tragédia
O futebol no Brasil não é apenas um esporte. Para quem vive de perto as emoções dos gramados, como João Batista Rodrigues Júnior, mais conhecido como ‘Zó’, cada gol se transforma em batimento acelerado e cada partida mexe com o coração de verdade. Aos 82 anos, Zó era daqueles eternos apaixonados pelo Figueirense, sempre presente, seja nas arquibancadas, nas discussões de vestiário ou acompanhando cada lance na TV, mesmo após décadas de dedicação em conselhos e atividades do clube.
Na noite de quarta-feira, a casa de Zó estava cheia de expectativa. O Figueirense, time de SC que já viu muita coisa em campo, corria atrás do resultado em um clássico importante. Quando veio o gol de empate aos 17 minutos do segundo tempo, a vibração tomou conta do conselheiro. O grito de alegria, aquele momento de extravasar o amor clubístico, infelizmente se misturou à fatalidade: Zó sofreu um infarto fulminante, sem sequer sair do sofá. Morreu como viveu, respirando futebol, no instante exato em que seu time respondia à pressão do adversário.
Um Torcedor Que Virou Símbolo
No Figueirense, Zó era mais do que um conselheiro. Colegas e familiares contam como ele dedicava tempo a cada reunião do clube, discutia escalações com amigos, ia a jogos chuvosos e acompanhava o time mesmo em momentos de baixa. O que chama atenção nessa história não é apenas o desfecho trágico, mas como ela escancara o laço emocional intenso que tantos torcedores têm com seus times de coração.
Episódios assim são mais comuns do que se imagina entre fãs de futebol mundo afora. Não é raro médicos relatarem que grandes emoções, positivas ou negativas, podem desencadear quadros cardíacos em pessoas com mais idade ou saúde frágil. O caso de Zó, porém, impressiona por ele ter partido justamente no instante de maior felicidade — um contraste que só as arquibancadas sabem proporcionar.
- Em 2006, um estudo da Universidade de Munique já mostrava que jogos decisivos, especialmente em Copas do Mundo, aumentam chances de ataques cardíacos entre torcedores mais velhos.
- Especialistas em cardiologia esportiva costumam alertar: emoção forte pode ser gatilho, e pessoas já diagnosticadas devem sempre monitorar a saúde durante partidas emocionantes.
- Mas para torcedores históricos como Zó, a ideia de assistir ao Figueirense em campo era tão vital quanto respirar.
Em Florianópolis, quem frequenta os corredores do Orlando Scarpelli conta que o nome de Zó nunca passará despercebido. Ele segue no imaginário de todos que veem a paixão pelo clube como combustível de vida. A história dele, marcada por esse momento tão intenso, reforça como o Figueirense é muito mais que um time: é uma família, feita de histórias, lágrimas e sorrisos — mesmo quando o coração não aguenta tanta emoção.
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