Verstappen vence em Las Vegas; McLaren é desclassificada e troca o rumo do campeonato

Max Verstappen cruzou a linha de chegada em primeiro lugar no Grande Prêmio de Las Vegas de 2025Las Vegas, mas o que deveria ter sido uma vitória tranquila virou um dos finais mais caóticos da temporada. Na noite de sábado, 23 de novembro de 2025, o holandês da Oracle Red Bull Racing celebrou sua décima segunda vitória no ano — e a mais inesperada. Porque, minutos depois da bandeira quadriculada, a equipe britânica McLaren Formula 1 Team viu seus dois pilotos, Lando Norris e Oscar Piastri, serem desclassificados por desgaste excessivo dos blocos de deslizamento (skid blocks), uma regra técnica que muitos consideravam obsoleta... até agora.

Do topo ao fundo: o que aconteceu na pista

Verstappen liderou 51 das 59 voltas, mas não foi o único que surpreendeu. George Russell, da Mercedes-AMG Petronas Formula One Team, cruzou a linha em segundo, 23,5 segundos atrás — um desempenho sólido, mas sem drama. O mesmo não se pode dizer da Williams Racing. Carlos Sainz, que havia conquistado o terceiro lugar na classificação, terminou em quinto, com 34,9 segundos de atraso. Mas foi esse quinto lugar que, na prática, significou mais do que uma simples posição: foi o ponto de virada para a equipe britânica, que agora se aproxima do seu melhor resultado no campeonato de construtores desde 2017.

Enquanto isso, a desclassificação da McLaren transformou o cenário. Norris, que havia largado na pole position e estava a um passo de garantir o título mundial com uma vitória em Qatar, viu sua vantagem de 24 pontos sobre Piastri — e de 28 sobre Verstappen — evaporar. Apenas 10 minutos após a corrida, o tribunal da FIA anunciou que os carros de Norris e Piastri tinham skid blocks com desgaste de 1,8 mm, acima do limite legal de 1,5 mm. A regra existe para evitar que carros usem componentes abaixo do chassi para gerar downforce ilegal. Mas em Las Vegas, com seu asfalto abrasivo e curvas de alta velocidade, o desgaste foi mais intenso do que qualquer equipe previu.

As consequências que ninguém viu vir

“Foi uma surpresa total”, admitiu Andrea Stella, chefe da McLaren, em coletiva. “Nós monitoramos os skid blocks com precisão. Não tínhamos nenhuma indicação de que estavam fora do limite. Agora, vamos revisar os dados com a FIA e entender onde falhamos.”

Na pista, a reação foi de choque. Os fãs da McLaren, que lotavam as arquibancadas de Las Vegas, ficaram em silêncio. Alguns aplaudiram Verstappen, outros apenas olharam para os telões, ainda tentando entender. “Eles não tinham que ser desclassificados por isso”, disse um torcedor britânico, segurando um boné de Norris. “É como punir alguém por usar pneus desgastados — só que aqui, é o chassi.”

Na verdade, essa foi a primeira desclassificação por skid block desde 2021, quando a Red Bull foi punida em Mônaco. A regra raramente é aplicada com tanta rigidez — e nunca em uma corrida tão decisiva. O que a FIA fez em Las Vegas foi, na prática, reescrever o calendário do campeonato. Verstappen agora está empatado com Piastri em pontos, e Norris, que parecia em um caminho tranquilo para seu primeiro título, precisa vencer em Qatar e Abu Dhabi, enquanto espera que Verstappen tropece.

Williams: a equipe que subiu sem falar

Enquanto a McLaren se desfazia em desculpas, a Williams crescia em silêncio. Carlos Sainz, que desde o intervalo de verão liderou a equipe em pontos, não fez nenhum discurso grandioso. “Fizemos o nosso trabalho”, disse ele, simplesmente. “A cada corrida, melhoramos. Não estamos aqui para vencer o campeonato — mas para voltar a ser relevantes.”

E está funcionando. Com o quinto lugar de Sainz e a desclassificação da McLaren, a Williams subiu para o quarto lugar no campeonato de construtores, a apenas 17 pontos da quarta colocada. Se mantiverem esse ritmo, podem terminar em quarto — o melhor resultado desde 2014. E isso, para uma equipe que passou os últimos anos lutando para não ser a última, é uma revolução silenciosa.

Outro nome que merece destaque: Gabriel Bortoleto, da Stake F1 Team Kick Sauber. O jovem brasileiro, em sua temporada de estreia, abandonou a corrida após dois erros consecutivos na pista de Las Vegas — um circuito de baixa aderência que exige perfeição. Mas mesmo assim, sua temporada é considerada um sucesso. “Ele não é o futuro da F1”, disse um técnico da Red Bull. “Ele já é.”

O que vem a seguir: Qatar e Abu Dhabi, o duelo final

Agora, o campeonato se reduz a duas corridas. Qatar, em 30 de novembro, e Abu Dhabi, em 7 de dezembro. Verstappen precisa vencer as duas para garantir o título — ou vencer uma e que Norris não vença a outra. Piastri, que agora está empatado com seu companheiro, tem uma chance real: se Verstappen falhar em Qatar, ele pode entrar em Abu Dhabi como favorito. Norris, por outro lado, precisa de perfeição. E a pressão? Ela está em outro nível.

“Isso muda tudo”, disse um analista da Motorsport.com. “Antes, Norris tinha um caminho fácil. Agora, ele tem que vencer em dois circuitos onde nunca venceu. E Verstappen? Ele tem a vantagem psicológica de quem já venceu 12 corridas. O que a McLaren fez em Las Vegas foi dar a ele o empurrão que faltava.”

As histórias que não foram contadas

Enquanto o mundo focava na McLaren, poucos notaram que Lewis Hamilton terminou em oitavo — seu pior resultado desde o GP da Bélgica. E que Kimi Antonelli, o jovem italiano da Mercedes, subiu ao pódio pela primeira vez na carreira, com apenas 19 anos. Ou que Pierre Gasly, da Alpine, terminou em 13º — e ainda assim, foi o melhor da sua equipe.

Na F1, os títulos são conquistados por pilotos. Mas são escritos por equipes — e às vezes, por erros técnicos que ninguém previu.